domingo, 13 de março de 2011

Desisto.


Ei, você. É você aí mesmo. Olha aqui. Me diz, o que é que aconteceu com você? Sabe, eu te conheço a muito tempo, na verdade eu te conhecia, eu não conheço mais. Deixa eu te falar algumas coisinhas? Você sabe, eu lembro de cada sorriso que você deu na vida, de cada lágrima que saiu desses olhos e de cada batida desse seu coração, mas nem só isso, eu lembro de cada momento em que esse seu coração bateu mais forte, e das vezes que ele falhou por algum motivo – eu também lembro deles. Eu sei de cada pessoa que veio e foi embora, sei dos seus sofrimentos e anseios mais profundos. Mas agora? Agora eu não entendo nada, ninguém nunca tinha feito algo assim com você. Como você deixou isso? Hoje eu parei pra reparar, eu vi você acordar e ir para a janela do seu quarto para ficar olhando para a rua. Você não falou, mas eu sei quem é que você estava esperando. Era ele não era? É nele que você pensa quando para em silêncio lá no seu quarto. Eu sabia. Você não precisava nem dizer em voz alta, mas, espera, continua me olhando, não abaixa a cabeça não. Não é sua culpa. Ele é um idiota eu sei, mas você poderia ter tido um pouco mais de bom senso, não acha? Você não viu todos os defeitos desse cara? Porque de fato ele é cheio deles. Qualidades? Ele pode até ter, mas esquece querida, esquece delas. Você não consegue? Ah, me poupe, tenha um pouco de amor-próprio, pelo amor de Deus. Eu sei, ele conseguiu tirar de você até esse tal amor-próprio. Mas você tem que dar um jeito de pegar isso de volta, pelo menos isso. Desculpa, estou sendo grossa, né? Mas olha o que ele fez com você. Olha o que você fez com você mesma. O que é que você viu nele? Não sabe responder? Que saber, eu desisto. Não converso mais com você. Espelho inútil.

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