sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Onze Minutos, five.


Quando eu não tinha nada a perder, eu recebi tudo. Quando deixei de ser quem eu era, encontrei a mim mesma. Quando conheci a humilhação e a submissão total, fiquei livre. Não sei se estou doente, se tudo aquilo foi um sonho, ou se acontece apenas uma vez. Sei que posso viver sem isso, mas gostaria de encontrá-lo de novo, de repetir a experiência, ir mais longe do que fui. Estava um pouco assustada com a dor, mas ela não era tão forte quanto a humilhação - era apenas um pretexto. No momento em que tive o primeiro orgasmo em muitos meses, apesar dos muitos homens e das muitas coisas diferentes que fizeram com meu corpo, senti-me- será que isso é possível?- mais perto de Deus. Lembrei-me do que ele disse a respeito da peste negra, do momento em que os flagelantes, ao oferecerem sua dor pela salvação da humanidade, encontravam nela o prazer. Eu não queria salvar a humanidade, ou a ele, ou a mim mesma. Estava apenas ali. O sexo é a arte de controlar o descontrole.


Paulo Coelho.


ps: Daqui pra frente, tudo vai ser diferente, inclusive Eu.

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