terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Fatos.


Ele me ligou essa manhã. Eu fingi que não ouvia o telefone tocar, e doía a cada toque, doía de saber que ele esperava, do outro lado da linha, que eu atendesse. Parou. E só então percebi que enquanto tocava eu tinha parado de respirar. Respirei de novo. Ele ligou de novo. Não resisti e atendi. A voz dele estava usual. Macia. Queria que eu fosse encontrá-lo. Eu menti: disse que não podia porquê estava ocupada demais. Desliguei. Eu senti um ardor dentro de mim, no meu peito, onde antes costumava ficar o meu coração. Eu bem que poderia ir encontrá-lo e pedir que me devolvesse o tal coração velho, ou o que restou dele. Vai ver eu repondo no lugar pára de doer, pelo menos um pouquinho. Percebi que eu dei meu coração pra ele, mas ele não me dera o seu. Não tinha percebido até agora. Tudo o que eu mais queria era vê-lo. Seus olhinhos enganosos que tanto beijei, seu nariz reto e anguloso que tanto toquei, seu peito onde tanto deitei, seu corpo que tanto desejei... E então eu falharia. Eu cederia aos meus desejos e aos seus caprichos, voltaria a acreditar na sua mentira cantada e ao beijar a sua boca, aceitaria silenciosamente em viver na minha desgraça apenas pela sua luxúria. Nós poderíamos ser perfeitos juntos e estávamos bem perto disso, ele sabe. Vê-lo novamente me deixaria feliz, e me levaria a desgraça. Ele agiria como se nada tivesse acontecido... como se continuássemos os mesmos. Mas eu não sou mais a mesma, nem ele, e aconteceram coisas. Ele esteve com ela, destruindo nós dois. Não sei mais o que faço, nem o que farei. Tentarei apenas conviver com a dor. É melhor do que viver numa mentira. Às vezes penso a culpa ser minha, apenas para tirar dele toda a carga. Eu ainda o amo, e isso é fato. Mas não posso... não mais, outro fato.

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