quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Nunca.


Eu nunca fui uma moça bem comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem aqueles toques calientes ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de mais cru e mais belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Eu estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente aquilo que me acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo inteiro. Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Então não me venha com meios termos, mais ou menos qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, víceras, tripas e falta de ar. Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorriso com os olhos. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou.

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